Teríamos nós a consciência da solidão sem a presença do outro?
Se fossemos a única pessoa na terra saberíamos se estávamos sós ou se existíamos?
Será a solidão o medo de não existir?
A nossa existência depende da percepção que existem outras pessoas ao nosso redor e dessa mesma interacção com os outros.
Por analogia, pensemos na metáfora da árvore na floresta. "Se uma árvore cair no meio de uma floresta mas ninguém presenciar o momento para ouvir, será que a árvore faz barulho?"
O conceito de barulho só tem sentido na presença do sentido da audição, isto é, o som como conceito físico existirá sempre, mas o barulho que faz ao cair só tem justificação na presença de alguém que o ouça.
Hoje em dia o maior medo de viver em sociedade é o de paradoxalmente vivermos sozinhos. Vivemos tão intrincados e condicionados num sistema de regras e rotinas que acabamos por alienar-nos a cumpri-las para sermos "melhores" e "termos mais", esquecendo-nos que assim, ao quebrarmos a relação com o outro, deixamos de existir individualmente.
Só tem sentido uma existência quando há interacção com o outro, quando existe esse reconhecimento do ser. Por isso a solidão é como um buraco negro que suga a nossa existência.

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