Homens Imprudentemente Poéticos



SINOPSE:

Num Japão antigo o artesão Itaro e o oleiro Saburo vivem uma vizinhança inimiga que, em avanços e recuos, lhes muda as prioridades e, sobretudo, a capacidade de se manterem boa gente.

A inimizade, contudo, é coisa pequena diante da miséria comum e do destino.
Conscientes da exuberância da natureza e da falha da sorte, o homem que faz leques e o homem que faz taças medem a sensatez e, sobretudo, os modos incondicionais de amarem suas distintas mulheres.



OPINIÃO:

"Quando Itaro caçou o besouro e o golpeou, até que o se corpo mínimo restasse apenas mancha na madeira do chão, era mais do que o besouro que queria matar. Itaro queria matar uma ideia."
Itaro tinha a capacidade de ler o futuro no momento exacto da morte dos animais. Foi assim que descobriu que iria ter uma irmã cega, Matsu, no olhar turvo de um peixe aquando o seu corte. 
A sede de descobrir respostas levava o artesão a matar os bichos que passavam, mas nem sempre o futuro era claro e o pai de Itaro o avisava das consequências de tirar vida sem ser por fome, tal ânsia poderia levá-lo ao suicídio. Kame, a criada da família, pressentia também que um azar grande os haveria de assolar.

Neste livro Valter Hugo Mãe, conduz-nos com mestria numa viagem ao interior de um Japão recheado de crenças e lendas, desenhado com contornos maravilhosos que nos agarram os sentidos e nos transportam ao momento. É a capacidade de nos revelar o mais íntimo da condição humana e o caminho para a sua redenção, que é afinal o amor, que faz desta leitura uma delícia.

" A criada Kame gritava :musumé, onde estás tu. E a jovem Matsu respondia: no teu coração. A criada voltava a gritar: e mais onde. Matsu respondia: ao sol. (...) Por vezes, escolhiam a fome em troca de um mínimo de sossego. A felicidade podia acontecer num ínfimo instante, ainda que a fome se mantivesse e até a sentença para sofrer. O sofrimento nunca impediria alguém de ser feliz."

CLASSIFICAÇÃO: 5*







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