Em "Eu Confesso" de Jaume Cabré
"Quando ficou sozinho no patamar com aquela lâmpada vacilante, Adriá sabia que se lhe fechavam muitas portas. Voltou para casa e começou os trinta dias de deserto e penitência. À noite, sonhava que viajava até Paris e se punha a chamá-la no meio da rua, mas o murmúrio do trânsito ensurdecia o seu grito desesperado; acordava suado, em prantos e sem compreender um mundo que, até há pouco lhe parecera tão agradável. Não saiu de casa várias semanas. Tocou violino, com o storioni conseguindo tirar-lhe um som triste, mas sentia os dedos preguiçosos. Tentou reler Nestle, mas sem êxito. A viagem de Eurípedes que o emocionara na primeira leitura agora não lhe dizia nada. Eurípedes era Sara. Numa coisa estava Eurípedes certo: a razão humana não pode vencer as forças irracionais das emoções da alma. "

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